5 de agosto de 2012

Laranjas e laranjais


Os riscos da agricultura moderna

Esta época de campanha eleitoral é rica em anedotas, em historias mais ou menos verdadeiras e em animadas conversas de mesas de boteco. Nestes dias no meio de uma animada conversa, um amigo, daqueles que sabem das coisas contou esta historia, que como recebi, repasso.

Um político do interior, não lembro direito se era de Santa Catarina ou de outro estado próximo, chegou a prefeito de uma grande cidade e como bom administrador que era, poupando um pouco aqui e um muito ali, conseguiu amealhar uma pequena fortuna. O seu contador explicou que seria difícil se todos os bens adquiridos com o seu, digamos, trabalho aparecessem na sua declaração de bens. Até porque político que se preze, participa de eleições a cada dois anos e com a maior transparência que a internet proporciona fica muito fácil acompanhar o patrimônio dos candidatos e o seu crescimento. Um amigo recomendou que plantasse laranjeiras, que os laranjais são um bom negocio, especialmente para políticos que tenham enriquecido em curto espaço de tempo.

Dito e feito, o prefeito voltou para a sua cidade de origem e conversou demorada e reservadamente com um velho amigo da época do ginásio. Um cara honesto, trabalhador, mas não muito esperto. Nunca tinha saído do vilarejo e com o seu trabalho e as poucas opções que o interior oferece para quem ali fica, tanto ele, como a mulher e as duas filhas sempre tinham dificuldade para chegar a final de mês. Aceitou de grado administrar os bens do amigo de infância, que tinha triunfado na cidade grande e ainda passou a receber uma remuneração pelo trabalho. Não desconfiou quando o amigo político lhe pediu que não falasse para ninguém desse seu acordo e não lhe preocupou que os bens fossem colocados no seu nome e não no do amigo. Achou um pouco estranho, mas como poderia se negar a um pedido de um amigo.

Tudo ia bem, o patrimônio do amigo só aumentava, um prédio primeiro, depois um outro, um posto de gasolina, uma fazenda e algumas cabeças de gado. Numa sexta a tarde o político recebeu uma ligação que o amigo tinha falecido de um infarto fulminante. Faltou tempo para pegar o carro e dirigir as quase oito horas até la. Depois de participar na cerimônia fúnebre e acompanhar com olhar compungido o féretro. Na primeira oportunidade em que foi possível se aproximou da viúva, para lembra-la a quem pertenciam de fato os imóveis que estavam a nome do falecido. Sem duvidar nem um instante, sem pestanejar e tirando força do nada, a viúva respondeu: Tudo o que o meu marido tinha, ele ganhou com o seu trabalho e é a herança das meninas.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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